Domingo, 27 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 21 de dezembro de 2020
As primeiras doses da vacina contra o novo coronavírus da Pfizer/BioNTech chegarão ao Chile nesta semana, anunciou o presidente Sebastián Piñera nessa segunda-feira (21).
“Nossa intenção é vacinar a maior parte da população nos grupos de risco durante o primeiro trimestre do próximo ano e toda a população-alvo ou a maior parte da população-alvo durante o primeiro semestre do próximo ano”, disse Piñera durante um passeio por um centro de armazenamento e distribuição de vacinas na capital do Chile, Santiago.
Na última quarta-feira (16), o órgão regulador chileno informou que havia aprovado o uso emergencial da vacina. No mesmo dia, Piñera disse que o laboratório havia confirmado que enviaria as primeiras 20 mil doses antes do final do mês.
“Vamos começar com as pessoas que estiveram na linha de frente, em unidades de cuidados intensivos, cuidando de pacientes críticos”, disse Piñera.
Depois dos profissionais de saúde, o plano de vacinação do país prevê que as vacinas sejam disponibilizadas para outros trabalhadores essenciais, depois para os idosos e outros grupos de alta prioridade.
Corrida na América Latina
Na corrida por vacinas contra a covid-19 na América Latina, o Chile parece ter saído na frente. Em termos de organização e planejamento da logística para seu armazenamento, distribuição e aplicação, o Chile aponta ser o mais organizado nas medidas para conseguir os imunizantes, como observou o ex-ministro da Saúde da Argentina, Adolfo Rubinstein.
“Eles se organizaram e continuam se organizando de forma mais efetiva”, disse. Ele é médico, mestre em epidemiologia, doutor em saúde pública e professor visitante da Universidade de Harvard.
Enquanto isso, embora a movimentação dos países latinos tenha se acirrado nas últimas semanas, à medida que a concretização da vacina torna-se mais próxima da realidade do ponto de vista científico, a evolução do continente é desigual.
México, o Equador e a Colômbia, por exemplo, anunciaram, em conjunto, a compra de mais de 60 milhões de doses da vacina da Pfizer, além de doses das outras fabricantes.
Em relação ao Brasil, por outro lado, representantes da comunidade científica regional mostram preocupação com as declarações do presidente Jair Bolsonaro de que não se vacinará contra a doença.
Na semana passada, em nota e sem citar nomes específicos, a Academia Nacional de Medicina (ANM) do Brasil criticou o que chamou de “negacionismo irresponsável de gestores políticos”, alertou para a necessidade de “vacinação segura e em massa” dos brasileiros contra a doença e que medidas sejam tomadas para que mortes por covid-19 “sejam evitadas”.
Além disso, caso as vacinas que contratou se mostrem seguras e eficazes, o Chile seria até agora o únicos país latino-americano com doses garantidas suficientes para imunizar sua população inteira.
Até esta segunda, a covid-19 matou mais de 470 mil pessoas na América Latina, sendo mais de 187 mil no Brasil.
Em entrevista à BBC News Brasil, o médico infectologista Miguel O’Ryan, diretor da Faculdade de Medicina da Universidade do Chile e membro do comitê assessor de vacinas contra a covid-19 do governo chileno, disse que é preciso, em sua visão, se criar um ambiente positivo sobre a importância da vacinação.