Quarta-feira, 16 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 15 de setembro de 2020
Depois de retomar os testes da vacina contra a Covid-19 no Brasil, a Universidade de Oxford dobrará o número de voluntários que serão imunizados no País, de 5 mil para 10 mil pessoas. Para isso, dobrará também as cidades participantes do estudo. Poderão se inscrever pessoas maiores de 18 anos, sem limite máximo de idade.
Somam-se a Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador os municípios de Natal (RN), Santa Maria (RS) e Porto Alegre (RS). As clínicas — respectivamente, o Centro de Pesquisas Clínicas de Natal (CPClin), a Universidade Federal de Santa Maria e o Hospital das Clínicas de Porto Alegre — já estão prontas, e devem começar a recrutar voluntários na semana que vem, após o aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O Comitê Nacional de Ética e Pesquisa (Conep) já aprovou a mudança.
O recrutamento será “competitivo”, ou seja, cada centro poderá vacinar o número de voluntários que conseguir, até o limite de 10 mil no país ser atingido, explica a cientista Sue Ann Costa Clemens, coordenadora nacional dos ensaios clínicos da vacina de Oxford no Brasil e pesquisadora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Além do apoio da universidade paulista, os testes do imunizante no País são financiados pelo Instituto D’Or e pela Fundação Lemann.
“Com o aumento do número de recrutados, aumentamos as chances de provar a eficácia da vacina mais rápido e trazê-la mais rápido para a população”, afirma Costa Clemens, recém-nomeada professora visitante da Universidade de Oxford.
Expansão de testes
Nesta quinta-feira (17), a cientista viaja do Rio a Salvador para visitar o centro baiano, no Hospital São Rafael, parceiro da Rede D’Or.
Além de trabalhar na pesquisa do imunizante da Universidade de Oxford e da farmacêutica AstraZeneca, a cientista carioca é chefe do Instituto de Saúde Global da Universidade de Siena (Itália) e chefe do comitê científico da Fundação Bill e Melinda Gates.
Costa Clemens administra ainda um financiamento de US$ 1,7 milhão para preparar centros de testes de vacinas em toda a América Latina. O repasse é feito pela Fundação Bill e Melinda Gates por meio do Idor. Investigadora principal da força-tarefa, cabe à cientista a identificação dos locais e a sua preparação para receber os ensaios clínicos.
“O objetivo é preparar, em três meses, centros de pesquisa para fase três de vacinas de Covid na América Latina. Já identifiquei 21 centros em oito países. O treinamento começa na semana que vem”, explica Costa Clemens. “Isso é maravilhoso porque tem várias companhias chegando à fase três agora, de setembro a fevereiro. Se não tem centro, você atrasa as vacinas. Estamos preparando os centros para receber qualquer tipo de estudo de vacina de covid.”
A vacina de Oxford/AstraZeneca é a principal aposta do governo brasileiro. Em junho, o Ministério da Saúde anunciou um acordo com Oxford para a produção inicial de 30,4 milhões de doses. O primeiro lote foi anunciado para dezembro e o segundo em janeiro pela Bio-Manguinhos, laboratório da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).
Em agosto, o presidente Jair Bolsonaro assinou medida provisória que prevê investimento de R$ 1,9 bilhão na produção e aquisição da vacina de Oxford. A verba será utilizada para transferência de tecnologia, permitindo ao laboratório da Fiocruz fabricar o imunizante.
“Isso significa que estamos garantindo a produção e a entrega de 100 milhões de doses, além de trazer para o país a capacidade de utilizar na indústria nacional essa nova tecnologia e dar sustentabilidade ao Programa Nacional de Imunização”, ressaltou o ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, na assinatura da MP.