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Economia Os Estados Unidos tiveram um superávit comercial de US$ 7,4 bilhões com o Brasil no ano passado

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O argumento econômico utilizado para justificar a política tarifária americana até aqui não se aplica no caso brasileiro. (Foto: Reprodução)

Desde que foram anunciadas, no dia 9 de julho, as tarifas de 50% contra produtos brasileiros importados pelos Estados Unidos dominaram o noticiário local. A retaliação de Donald Trump ao Brasil já foi analisada sob todas as óticas possíveis: impacto na economia do País e no bolso da população, efeitos no resultado das empresas listadas na Bolsa, pressão sobre o agronegócio.

Tudo isso enquanto o mercado brasileiro tentava identificar se ainda havia alguma chance de negociação entre os dois países. Na quarta-feira (30), o tema ganhou ainda mais destaque depois de a Casa Branca adiar por mais sete dias o início da vigência das tarifas, que começariam a valer nesta sexta-feira (1°) e agora estão previstas para 6 de agosto.

Além disso, a administração Trump abriu uma lista de exceções que abarca 694 produtos – boa parte dos itens que importa do Brasil. A Embraer (EMBR3) foi poupada, assim como produtos que incluem do suco de laranja à celulose. Café e carnes continuam entre os tarifados.

Para quem está lá fora, no entanto, o tema tem gerado muito pouco barulho. A pauta Brasil está longe de ser prioridade das autoridades ou do mercado americano.

“Não é um assunto considerado de primeira prateleira nos Estados Unidos. Inclusive, se uma empresa ou fundo não está diretamente ligada ao Brasil, pode nem saber o que está acontecendo”, diz Thiago de Aragão, CEO da Arko Internacional. “De certa forma, isso facilita o trabalho do Trump, porque, neste tema, ele não está sofrendo escrutínio da imprensa.”

O argumento econômico utilizado para justificar a política tarifária americana até aqui, o déficit comercial americano em relação ao país retaliado, não se aplica no caso brasileiro. Os EUA tiveram um superávit comercial de US$ 7,4 bilhões com o Brasil no ano passado, em cerca de US$ 92 bilhões em comércio. “O que é curioso no caso brasileiro é que há um déficit comercial com os EUA e, por isso, as tarifas parecem descabidas, exceto se considerarmos potenciais motivações políticas”, afirma Thomas Haugaard, gerente de portfólio para dívida de mercados emergentes em moeda forte da Janus Henderson, gestora global com US$ 373,2 bilhões sob gestão.

Foi o aspecto político da retaliação que se destacou, com economistas apontando as cobranças de Trump em relação ao processo judicial envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) como uma tentativa de intervenção e ataque à soberania nacional. Lá fora, essa intenção política acabou ganhando mais atenção do que o caráter econômico das tarifas.

Guilherme Barbosa, estrategista de investimentos do Grupo Mirabaud, banco com presença global e cerca de US$ 35 bi sob gestão, está sediado na Suíça. No Velho Continente, em meio ao recente acordo entre a gestão de Trump e a União Europeia, a pauta Brasil-EUA também quase não aparece, ele conta.

“Quando a notícia surgiu, o foco foi mais político do que econômico. A percepção local é de que se trata mais de uma movimentação política do ex-presidente Donald Trump, o que também se observa em outros casos, como nas relações com Vietnã e Camboja, e agora com a Índia, com o uso de tarifas como ferramenta para pressionar ou negociar”, afirma Barbosa.

A Casa Branca surpreendeu ao anunciar na quarta-feira (30) um prazo extra para início das tarifas contra o Brasil, que agora passam a valer na próxima quarta-feira (6). Isso não significa uma que houve negociação. Ao menos, não da comitiva de oito senadores brasileiros que foram aos EUA para tentar chegar a um acordo com autoridades americanas.

Na terça-feira (29), a Arko publicou um relatório destacando que os senadores brasileiros se mostraram pessimistas sobre a possibilidade de uma negociação bem sucedida com os EUA. “Após conversas com empresários e interlocutores do governo estadunidense, a percepção dos parlamentares é de que as questões políticas, entendidas inicialmente como justificativas retóricas para medidas fundamentadas em interesses comerciais e industriais, na verdade, são, sim, importantes para Donald Trump”, diz o documento.

A Arko tem trabalhado junto a empresas americanas que compram produtos brasileiros e podem ser impactadas. Negócios mais nichados, mas grandes compradores de insumos agrícolas, plástico, papel, que podem ter que alterar toda a cadeia logística devido às tarifas. “Esse movimento existe também, mas é mais concentrado”, pontua Thiago de Aragão.

O recuo de Trump nesta quarta-feira pode ser resultado da pressão dos lobbies, mas, dado a imprevisibilidade da gestão americana, não deve ser definitivo. Marcelo Cabral, da Stratton, destaca que não há um precedente até agora, mesmo em casos em que as tarifas seriam muito mais danosas às companhias americanas, dos 50% impostos a produtos brasileiros.

“As empresas americanas compram US$ 48 bilhões do Brasil; da China, compram US$ 350 bi. E não houve nenhuma pressão de empresa americana tentando interferir na negociação Estados Unidos-China”, destaca.

Segundo ele, o que funcionou nos outros casos até agora – e funcionaria para um acordo efetivo entre os dois países – foi o presidente “pegar o telefone” e negociar. “Enquanto o presidente Lula não fizer isso, a conversa não vai sair do lugar”, diz. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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