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Economia Por que as terras-raras do Brasil interessam aos Estados Unidos? Especialistas explicam

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Imagem mostra elementos de terras raras extraídos e refinados. (Foto: Reprodução)

As conversas entre governos e empresas em torno das tarifas anunciadas por Donald Trump sobre produtos brasileiros ganharam novos contornos a uma semana da taxa entrar em vigor. Os Estados Unidos estão interessados em realizar acordos com o Brasil em torno dos chamados minerais críticos e estratégicos, como lítio, nióbio e terras-raras.

Essa mensagem foi transmitida a representantes do setor de mineração, em reunião na quarta-feira, pelo encarregado de negócios da Embaixada americana em Brasília, Gabriel Escobar. Ele é o principal nome dos EUA no país diante da falta de indicação de um embaixador.

Conforme relatou ao jornal O Globo o presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Raul Jungmann, Escobar ouviu como resposta que qualquer negociação nesse sentido deve ser decidida pelo governo brasileiro, e não pelos empresários do setor.

“Foi demonstrado o interesse dos Estados Unidos nos chamados minerais críticos e estratégicos, mas deixamos claro que cabe ao governo decidir”, disse Jungmann.

A situação foi levada em seguida por Jungmann ao vice-presidente Geraldo Alckmin. O vice do presidente Luiz Inácio Lula da Silva está no comando das negociações com os EUA.

Interlocutores do governo brasileiro lembram que as empresas têm concessão da União para explorar e vender esses produtos. Isso é feito geralmente por meio de processos públicos e não há restrição a nenhum país.

Negociadores brasileiros afirmam ainda que os EUA jamais deram sinais de que gostariam de incluir o acesso a minerais críticos em uma negociação em torno da política tarifária americana para o Brasil.

Até agora, Trump tem deixado claro que um acordo deveria incluir o tratamento dado ao ex-presidente Jair Bolsonaro pelo Judiciário brasileiro e o tratamento a big techs no país. Mas não é uma surpresa o interesse da Casa Branca pelo setor.

Procurada, a embaixada dos EUA informou que o encarregado de negócios participou de um encontro com representantes do Ibram e que não divulga conteúdo de reuniões privadas.

Jungmann explicou que a legislação brasileira não prevê compra, nem venda de minerais estratégicos de governo a governo. Entretanto, é possível a participação de empresas americanas no país por meio de parcerias (joint ventures).

“Isso é aberto para todos, australianos, canadenses, chineses, peruanos, até o Afeganistão pode ter participação na exploração mineral brasileira. Nossa percepção é que os EUA gostariam de discutir esse tema”, disse.

Em discurso na quinta-feira em Minas Gerais, Lula disse que “ninguém põe a mão” nos minerais do Brasil. “Eu queria dizer para o presidente (Donald) Trump: a nossa soberania é feita por esse povo brasileiro que trabalha, que produz”, disse.

Ele citou o tamanho do território brasileiro, as fronteiras marítima e terrestre, a floresta e a água doce.Nós temos 12% da água doce do mundo para proteger. Nós temos 215 milhões de pessoas para proteger. Nós temos todo o nosso petróleo para proteger. Nós temos todo o nosso ouro para proteger. Nós temos todos os minerais ricos que vocês querem para proteger. E aqui ninguém põe a mão. Este país é do povo brasileiro”, afirmou o presidente.

Indagado sobre o interesse dos EUA, Alckmin afirmou que a pauta de mineração “é muito longa e pode ser explorada e avançada”. Ele evitou, porém, comentar possíveis negociações desse tema.

Os minerais críticos e estratégicos são recursos importantes para o desenvolvimento econômico e tecnológico. O nióbio, por exemplo, é considerado essencial para a indústria siderúrgica, viabilizando ligas leves e resistentes de aços avançados, materiais magnéticos e supercondutores. Dos 51 tipos de minerais que interessam os EUA, o Brasil tem reservas relevantes de cobre, lítio, silício e terras-raras.

Para o presidente americano, a oferta desses produtos se tornou uma questão geopolítica. Logo que assumiu a Casa Branca, em janeiro deste ano, ele adotou uma estratégia agressiva em relação ao tema: chegou a ameaçar tomar a Groenlândia da Dinamarca e passou a pressionar a Ucrânia, em guerra contra a Rússia, a ceder direitos de exploração.

O Brasil concentra a segunda maior reserva do mundo de terras-raras, atrás apenas da China, em meio à valorização dessas matérias-primas.

Professor da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (Eceme) e coordenador do Laboratório de Análise Política Mundial (Labmundo), Rubens Duarte afirma que a exploração desses recursos naturais pode entrar na mesa de negociação, inclusive como moeda de troca para outras vantagens:

“Cabe ao governo brasileiro, portanto, verificar quais acordos serão mais vantajosos para o país, levando em consideração as consequências políticas e econômicas, que estão acentuadas devido à disputa geopolítica entre China e EUA.”

Ronaldo Carmona, professor de geopolítica da Escola Superior de Guerra (ESG), ressaltou que a questão dos minérios é tema-chave da postura americana. Um exemplo foi a negociação com a Ucrânia, que teria que compensar o apoio de Washington fornecendo esses minerais.

“Não é o caso do Brasil, que não deve aceitar um acordo sobre minerais desfavorável aos seus interesses nacionais. É preciso ter em alta conta que, na realidade do mundo atual, a gestão dos minerais críticos e estratégicos é um fator de segurança nacional”, disse ele. As informações são do jornal O Globo.

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