Quinta-feira, 08 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 16 de agosto de 2020
O orgasmo feminino segue um mistério para a ciência, e embora as mulheres falem cada vez mais sobre seu prazer, ele é raramente lembrado em discussões coletivas sobre sexualidade e intimidade. Explica-se.
A ciência tem estudado o orgasmo masculino por mais de um século, mas foi apenas em 1992, por exemplo, que o Instituto Nacional de Saúde dos EUA iniciou um programa de estudos sobre a saúde vaginal e a sexualidade das mulheres. Pasmem. O Sistema de Saúde Britânico (NHS, na sigla em inglês) define o orgasmo com a sensação de prazer intenso que acontece durante a atividade sexual. Nada mais básico. Muitos países, entre eles o Brasil, não colocam a educação e a saúde sexual e reprodutiva no currículo escolar.
Como resultado dessa discrepância no debate público, muitas mulheres navegam no escuro quando o assunto é sua anatomia, o que, para muitas, torna o sexo menos prazeroso do que poderia ser. Aquelas que se esforçam para atingir o orgasmo muitas vezes pensam que há algo de errado com elas, uma culpa que é fruto do machismo estrutural, que também impede os homens de conhecerem o funcionamento do corpo e do desejo feminino.
A ciência divide a dificuldade em atingir o orgasmo em dois tipos: o primário, que é quando uma mulher nunca chegou ao clímax, e o secundário, quando ela já atingiu o orgasmo, mas deixa de conseguir fazê-lo. Há até mesmo um termo para a dificuldade de chegar ao orgasmo: a anorgasmia.
Consumo de álcool e cigarros
O excesso de álcool pode afetar o fluxo sanguíneo para o clitóris, que é, para a maioria das mulheres, a parte da vulva que requer estimulação para que elas cheguem ao orgasmo, explica a ginecologista britânica Shree Datta, para quem o cigarro também pode ter um impacto. “Se você tem dificuldades para chegar ao orgasmo, pense na quantidade de álcool ou de tabaco que consome.”
Comunicação com o parceiro ou parceira
Falar ao parceiro ou parceira sobre o que você gosta e quer fazer no sexo é fundamental para uma boa experiência sexual e para o orgasmo, diz a terapeuta sexual Kate Moyle:
“Seu parceiro ou parceira não lê mentes e não vai saber o que você quer se você não falar. Seja direta e clara, não ambígua, dê instruções ou mostre o que lhe dá prazer, guie as mãos dele ou dela pelo seu corpo.”
O corpo
Muitas mulheres não se sentem seguras ou confortáveis com o próprio corpo, e isso pode atrapalhar. Pensamentos negativos impedem que as pessoas se soltem e se permitam sentir o prazer físico. As mulheres são as principais vítimas de transtornos de imagem, muitas se cobram o corpo perfeito e se sentem constrangidas pelos quilos a mais, celulite, estrias… O excesso de imagens de corpos magros na cultura de massa está relacionado a esse tipo de cobrança. Esqueça isso, aceite o seu corpo e foque no seu prazer.
Condições de saúde
Há uma série de condições de saúde que podem dificultar o prazer sexual. Há também medicamentos que atrapalham o orgasmo. Se você tem uma condição clínica particular ou toma remédios regularmente, consulte o seu médico sobre o impacto deles no prazer sexual.
“Antidepressivos e antihistamínicos podem afetar os orgasmos”, explica a Dra. Datta.
Estimulação sexual
Uma explicação simples para a dificuldade de uma mulher atingir o orgasmo está na falta de estimulação durante o sexo. Uma dica é conhecer o próprio corpo para entender melhor as suas preferências. Não se trata apenas dos genitais, mas de perceber as partes do corpo e os toques, por exemplo, que lhe dão sensações prazerosas.
É importante considerar que a maioria das mulheres precisa de estimulação clitoriana para atingir o orgasmo, elas não chegam ao clímax apenas com a penetração. É importante entender se esse é o seu caso e comunicar ao parceiro ou parceira.
Invista nas suas fantasias e desejos. Tentar posições diferentes e se masturbar ou guiar o parceiro ou parceira na masturbação são ideias. A sexualidade feminina é sofisticada, e isso é bom.
Pressão social
Estresse, problemas financeiros ou no trabalho podem afetar o prazer sexual. Problemas no relacionamento, sobretudo falta de confiança no parceiro ou parceira e conflitos não resolvidos entre o casal, podem ser causas da dificuldade em atingir o orgasmo.
É melhor conversar ou buscar aconselhamento profissional, como um terapeuta sexual ou de casais.
Bem-estar emocional
O equilíbrio emocional tem a ver com a habilidade de chegar ao clímax sexual. Depressão e ansiedade são fatores a serem levados em consideração. Se você (ou seu parceiro ou parceira) sofre de alguma delas, converse com a ginecologista.
Lembre-se, o período de isolamento social necessário para conter a pandemia de Covid-19 pode ser difícil. As dificuldades emocionais afetam a todos nós. Não se cobre nem se julgue. Vai passar.