Sexta-feira, 22 de agosto de 2025
Por Redação O Sul | 21 de agosto de 2025
Uma das iniciativas mais relevantes para o enfrentamento de enchentes e estiagens no Rio Grande do Sul, a construção da barragem do Jaguari, em São Gabriel (Região da Campanha), foi visitada nessa quinta-feira (21) pelo governador Eduardo Leite e pela titular da Secretaria de Obras Públicas (SOP), Izabel Matte. A estrutura – com finalização prevista para 2026 – conta com investimentos estaduais e federais que totalizam R$ 330 milhões.
A comitiva conferiu pessoalmente a concretização de um compromisso assumido de destravar os investimentos nessa barragem e na do Taquarembó, localizada em Dom Pedrito e que está sendo erguida. Desde 2009, ambas as obras alternavam períodos de trabalho com outros de paralisia, atrasando sua conclusão.
Leite destacou que o Estado aporta 70% do valor da obra e que essa disponibilidade de recursos só foi possível a partir da equalização das contas públicas no Rio Grande do Sul:
“A recuperação fiscal foi fundamental para tirar obras como essa do papel. O ritmo em que estão nos dá muita confiança de que a barragem deve estar concluída no início do ano que vem. Paralelamente, estamos trabalhando nos estudos para os canais de distribuição da água na região, o que será importante para enfrentar ciclos de estiagem e aumentar a produtividade no campo. É uma obra transformadora da realidade da região”.
No dia anterior, a secretária Izabel já havia acompanhado a construção no Taquarembó, retomada neste ano: “Essas duas barragens eram, no início de nossa gestão, um dos maiores desafios a enfrentar. Só havia como opção viabilizar a conclusão das obras. Agora, com trabalhadores e máquinas em pleno funcionamento, vemos o resultado da dedicação. O Estado terá em Jaguari e em Taquarembó, um grande reforço no enfrentamento às cheias e secas”.
Funcionamento
Quando concluídas, as barragens terão dupla função. Uma é assegurar o abastecimento em períodos de estiagem, viabilizando, por meio do sistema de canais, a irrigação de aproximadamente 117 mil hectares. A outra é regular o nível dos rios nas cheias.
Dessa forma, fortalecerão a resiliência climática da região, reduzindo os impactos de eventos extremos e tornando o Rio Grande do Sul mais preparado para enfrentar crises. A barragem do Taquarembó também garantirá o fornecimento de água à população.
As barragens atenderão a 235 mil habitantes em seis municípios: Cacequi, Dom Pedrito, Lavras do Sul, Rosário do Sul, Santana do Livramento e São Gabriel. A região tem forte tradição agrícola, especialmente em culturas como arroz, soja e milho, mas enfrenta dificuldades por questões climáticas.
O resultado esperado é maior segurança às lavouras, com redução de perdas e ampliação de produtividade. Conforme o governo gaúcho, “os benefícios para a agricultura e pecuária se estenderão à sociedade em geral com mais eficiência no campo, aquecendo toda a economia regional, que é bastante baseada no agronegócio”.
Tanto o arroio Jaguari quanto o Taquarembó desaguam no rio Santa Maria, que nasce em Dom Pedrito e percorre cerca de 350 quilômetros até chegar à foz no rio Ibicuí, que, por sua vez, é afluente do rio Uruguai.
Jaguari
Em São Gabriel, Eduardo Leite viu uma estrutura de terra com quase 24 metros de altura e que ainda crescerá cerca de 1,5 metro no seu ponto mais alto, até a conclusão das obras. O barramento (estrutura em si que segura a água) terá mais de 1 quilômetro de extensão, ao passo que a capacidade do reservatório é de 138,17 milhões de metros-cúbicos de água, o equivalente a cerca de 55 mil piscinas olímpicas, ocupando 1.798 hectares – ou mais de 2,5 mil campos de futebol.
Atualmente com 87% da construção concluída, Jaguari começou a ser erguida em 2009, mas os trabalhos ficaram parados entre 2012 e 2018, quando foram retomados. Agora, a entrega está próxima, prevista para o primeiro semestre de 2026. Neste momento, são realizados trabalhos nas estruturas de terra e de concreto, além de outras ações paralelas à obra principal.
Até o momento, foram destinados R$ 232 milhões para a obra, sendo R$ 124 milhões do governo gaúcho e R$ 108 milhões da União. Deste total, R$ 16,2 milhões foram executados neste ano pelo Estado. A construção ainda receberá mais R$ 98 milhões, sendo R$ 89,3 milhões do Estado e R$ 8,7 milhões da União.
Em julho, iniciou-se mais uma etapa da obra com a elaboração do projeto da tubulação adutora, que alimentará o sistema de canais que levará água para irrigação. Também será feito o canal by pass, que devolve a água da barragem para o arroio, liberando a vazão excedente durante o enchimento da barragem. O investimento é de R$ 25,8 milhões.
Taquarembó
A cerca de 24 quilômetros da Jaguari, em linha reta, fica a barragem do Taquarembó. Feita de concreto, a estrutura está 58,3% concluída, devendo estar pronta no final do ano que vem. Com R$ 107 milhões já investidos na construção, R$ 7,8 milhões neste ano, entre recursos do Estado e da União, Taquarembó ainda receberá mais R$ 143 milhões para a conclusão. Ao final, terão sido destinados R$ 251 milhões para a obra, sendo R$ 107,6 milhões do Estado e R$ 143,3 milhões da União.
A construção começou em 2009 e parou em 2013. Voltou entre 2015 e 2017, quando foi interrompida novamente. No começo deste ano, o governo autorizou o reinício das obras. Desde então, houve a recuperação do canteiro de obras, incluindo estruturas como escritórios, refeitório, alojamento, laboratório, oficina e almoxarifado.
É constante a manutenção da estrada de acesso, sendo realizada todos os meses. A avaliação das estruturas já construídas está em andamento e começaram as escavações para os canais que destinarão água para a barragem.
Taquarembó tem 382 metros de comprimento e altura máxima de 34 metros, com largura de 5 metros. O reservatório terá 116 milhões de metros-cúbicos de água, ou 46,4 mil piscinas olímpicas, ocupando um espaço de 1.240 hectares, cerca de 1,7 mil campos de futebol.
(Marcello Campos)
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