Quinta-feira, 25 de abril de 2024

Porto Alegre

CADASTRE-SE E RECEBA NOSSA NEWSLETTER

Receba gratuitamente as principais notícias do dia no seu E-mail ou WhatsApp.
cadastre-se aqui

RECEBA NOSSA NEWSLETTER
GRATUITAMENTE

cadastre-se aqui

Mundo O ditador Daniel Ortega, da Nicarágua, age como se a pandemia do coronavírus não existisse

Compartilhe esta notícia:

Regime descarta quarentena, estimula aglomeração e é acusado de mentir sobre número de casos

Foto: Reprodução
Regime descarta quarentena, estimula aglomeração e é acusado de mentir sobre número de casos. (Foto: Reprodução)

A pandemia do novo coronavírus reverbera e se entranha em crises crônicas da Nicarágua, onde o regime comandado pelo ditador Daniel Ortega e sua mulher, Rosario Murillo, peca, sobretudo, pela falta de transparência e pelo descaso para gerir o combate à doença.

Basta verificar a discrepância entre os dados oficiais e os de um conselho de médicos que monitora a doença. O governo informa apenas 15 casos e cinco mortes; o Observatório Ciudadano, por sua vez, assegura que pelo menos 431 pessoas foram infectadas pela Covid-19 e 86 morreram.

Em uma demonstração de desinteresse e omissão pelo tema, Ortega simplesmente sumiu. Reapareceu em cadeia nacional, após 32 dias, para reafirmar que uma quarentena, defendida por epidemiologistas e empresários, destruiria o país e sua economia.

Na rota oposta às recomendações da OMS (Organização Mundial de Saúde), ele incentiva a aglomeração, promovendo procissões religiosas, festivais e campeonatos de boxe, e mantém fronteiras abertas. O aeroporto funciona, embora os voos internacionais tenham sido suspensos por decisão de outros países. Com isso, o regime tenta dar uma aparência de normalidade à pandemia.

“Os que pedem o confinamento são os mesmos que quiseram afundar o país em 2018 e agora se aproveitam da situação”, repete o ditador. Ele refere-se à onda de protestos contra o regime, há dois anos, deflagrada por uma controversa reforma da segurança social, que aumentou impostos e reduziu benefícios. Cerca de 300 manifestantes morreram e centenas foram presos. O cerco levou 70 mil nicaraguenses ao exílio.

No terceiro mandato consecutivo, Ortega e a esposa-vice se sustentam no poder com apoio das Forças Armadas e da Polícia Nacional, a quem cabe a perseguição e a repressão de dissidentes e opositores.

O regime instaurou a reeleição indefinida, fechou jornais e meios de comunicação, expulsou funcionários da ONU (Organização das Nações Unidas) e da OEA (Organização dos Estados Americanos). Como observa Paulo Abrão, secretário-executivo da CIDH (Comissão Interamericana de Direitos Humanos), a Nicarágua vive um estado de exceção com aparência de legalidade.

Neste contexto, a pandemia do novo coronavírus só reforçou e aprofundou a crise de institucionalidade do país. “Os dados oficiais não são confiáveis. O governo tem controle sobre os outros dois poderes: o Legislativo, que não fiscaliza, e o Judiciário sem independência”, atesta o secretário da CIDH.

Atrasado em relação aos vizinhos do continente, o governo só começou a atuar no combate à pandemia 40 dias depois de confirmar o primeiro caso. Como medidas de prevenção, promove visitas de profissionais de saúde às comunidades e coordena a desinfecção de transportes coletivos. São providências insuficientes para conter o pico da doença, na avaliação das associações de médicos.

O ditador, contudo, prefere minimizar o assunto, deixando claro que não partirá dele a ordem para a população permanecer em casa a fim de aplacar a curva da Covid-19. “Ao contrário dos demais países, na Nicarágua, o desafio é duplo: é preciso combater a pandemia e, ao mesmo tempo, recuperar a institucionalidade democrática”, analisa Paulo Abrão, da CIDH. No que depender de Ortega, nem uma coisa, nem outra.

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Mundo

A Coreia do Sul tem menor aumento de coronavírus em 78 dias e zero transmissões locais
Comunidade indígena do Equador teme ser extinta pelo coronavírus
https://www.osul.com.br/ditador-daniel-ortega-da-nicaragua-age-como-se-a-pandemia-do-coronavirus-nao-existisse/ O ditador Daniel Ortega, da Nicarágua, age como se a pandemia do coronavírus não existisse 2020-05-06
Deixe seu comentário
Pode te interessar