Sexta-feira, 20 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 9 de junho de 2023
O Departamento de Justiça dos Estados Unidos confirmou que o ex-presidente Donald Trump recebeu 37 acusações referentes a sete crimes federais no caso relacionado à retirada de documentos sigilosos da Casa Branca ao fim de seu mandato. De acordo com os investigadores, o republicano pôs em risco segredos de Estado ao armazenar os materiais em lugares como o chuveiro de sua casa, por exemplo.
Trump já havia anunciado que se tornaria réu, mas de acordo com as 49 páginas da denúncia que tiveram seu sigilo derrubado nessa sexta, o ex-presidente responderá por 31 acusações de violar a Lei de Espionagem com a “retenção proposital” de documentos – cada uma referente a um documento sigiloso que armazenava irregularmente. As outras seis são referentes à posse dos materiais, à conspiração para obstrução de Justiça após se recusar a entregá-los mesmo após intimação judicial e às mentiras que contou aos investigadores.
Cada uma das acusações por violar a Lei de Espionagem têm um tempo máximo de prisão de 10 anos – ou seja, um total de 310 anos. As outras acusações somadas podem render ao favorito para ser o candidato republicano nas eleições presidenciais do ano que vem mais 90 anos atrás das grades. É muito raro, contudo, que o tempo máximo de detenção seja aplicado.
Entenda:
– 31 acusações: Violação da Lei de Espionagem pela retenção proposital de informações da defesa nacional.
– 3 acusações: Reter ou esconder documentos em uma investigação federal.
– 2 acusações: Declarações falsas.
– 1 acusação: Conspiração para obstrução de Justiça.
As investigações de mais de um ano comandadas pelo promotor especial Jack Smith constataram que Trump levou consigo materiais sobre “programas nucleares americanos; vulnerabilidades em potencial dos EUA e seus aliados a ataques militares; e planos para possíveis retaliações em resposta a ataques estrangeiros”. As informações sigilosas eram mantidas em “um salão de baile, no banheiro, em um chuveiro, em um espaço de escritório, no seu quarto e em um depósito” em Mar-A-Lago, na Flórida, para onde se mudou depois que deixou Washington.
As evidências, incluindo fotografias anexadas às acusações, foram apresentadas a um grande júri em Miami – pela lei federal, acusações criminais precisam passar pelo crivo dos cidadãos aleatoriamente convocados – que ouviu o depoimento de testemunhas e revisou evidências. O grupo, por fim, decidiu haver uma “causa razoável” para a acusação prosseguir.
“Nós temos um conjunto de leis neste país e elas valem para todas as pessoas”, disse Smith, em um pronunciamento de menos de três minutos à imprensa, afirmando que deseja um “julgamento rápido” e que proteger informações da defesa é “crítico” para a segurança nacional.
O promotor, nomeado em novembro pelo Departamento de Justiça, não explicou o porquê da decisão de apresentar as acusações na Flórida ao invés de Washington. Pouco antes de se pronunciar, foi atacado por Trump – o primeiro presidente americano a ser acusado de cometer crimes federais, pouco mais de dois meses após virar réu na Justiça estadual de Nova York – em uma postagem na rede social Truth Social:
“A mulher dele odeia o Trump, assim como ele odeia o Trump – um ‘psicopata’ desequilibrado que não deveria estar envolvido em nenhum caso relacionado à ‘Justiça’, ao invés de olhar para [o presidente Joe] Biden como um criminoso, que é o que ele é”, escreveu o ex-presidente sobre o promotor especial, também responsável pelas investigações federais sobre a invasão do Capitólio, em 6 de janeiro de 2021.