Sexta-feira, 22 de agosto de 2025
Por Redação O Sul | 21 de agosto de 2025
Não existe alimento milagroso, mas sim escolhas saudáveis que levam a um padrão alimentar equilibrado.
Foto: AdobeAlém de trazer novas experiências sensoriais, aumentar o número de opções vegetais no dia a dia pode ajudar a reduzir o risco do diabetes tipo 2, segundo estudo publicado em junho no periódico científico International Journal of Epidemiology.
A doença, caracterizada pela função prejudicada da insulina e por níveis elevados de açúcar no sangue, está por trás de danos cardiovasculares, renais e oculares. Segundo a Federação Internacional de Diabetes, há 589 milhões de adultos com diabetes no mundo. No Brasil, são mais de 16 milhões.
Para estabelecer a relação entre uma maior diversidade no cardápio e a prevenção do distúrbio, pesquisadores de universidades no Canadá, na Alemanha, na Itália, na Espanha, entre outros países, avaliaram dados vindos de uma grande pesquisa, a EPIC-InterAct, com informações de 23.649 indivíduos, acompanhados por quase 10 anos.
Eles verificaram que o consumo diário de quatro a cinco vegetais — alternados entre frutas, tubérculos, folhas e demais hortaliças, bem como a ingestão de diferentes fontes de proteína vegetal, caso das leguminosas (feijões, ervilha, grão-de-bico, soja etc.), castanhas e sementes — está associado a uma incidência reduzida de diabetes tipo 2.
Embora os próprios cientistas apontem limitações, como a de que as análises são baseadas em questionários respondidos pelos próprios participantes, existem evidências, reveladas em outras pesquisas, de que aumentar a oferta de vegetais e reduzir o consumo de alimentos de origem animal é bom para a saúde.
Uma das explicações é a presença de fibras, que ajudam a equilibrar a glicemia. “Os cardápios que privilegiam vegetais tendem a ter menor quantidade de gordura saturada, um nutriente que, em excesso, pode favorecer a resistência à insulina”, comenta a endocrinologista Cláudia Schimidt, do Einstein Hospital Israelita. A médica refere-se a um desajuste no metabolismo da glicose que aumenta o risco de diabetes.
Para a nutricionista Maristela Strufaldi, da Sociedade Brasileira de Diabetes, o estudo ajuda a reforçar a importância de todo o contexto na prevenção de doenças. “Não existe alimento milagroso, mas sim escolhas saudáveis que levam a um padrão alimentar equilibrado”, afirma.
Monotonia alimentar
Atualmente, graças ao fenômeno global de padronização alimentar, com grande espaço para industrializados, é comum que os cardápios apresentem quase sempre os mesmos ingredientes, numa verdadeira monotonia alimentar.
Daí a recomendação, reforçada pelo estudo, de ampliar os itens no dia a dia. “Quanto mais colorido o prato, melhor”, indica Schimidt. A variedade ajuda a garantir mais vitaminas, sais minerais e demais nutrientes de ação antioxidante e anti-inflamatória que colaboram para o funcionamento do organismo.
A nutricionista chama a atenção para a riqueza do nosso país. “Contamos com uma grande biodiversidade”, destaca Strufaldi. São muitas opções de frutos, hortaliças, castanhas, entre outros alimentos nativos que oferecem compostos protetores. Vale tentar adquiri-los de pequenos produtores locais, atitude que colabora com o meio ambiente, justamente porque a comida não precisa viajar muitos quilômetros para chegar à mesa, reduzindo a emissão de carbono e de outros poluentes.
Outra dica é apostar na sazonalidade, ou seja, priorizar vegetais da época. Produtos sazonais são mais frescos e saborosos e costumam ser cultivados com menos pesticidas e fertilizantes. Sem contar que apresentam menor custo.
Segundo a especialista da Sociedade Brasileira de Diabetes, uma das estratégias que ajudam a assegurar uma alimentação variada é o planejamento. “Tudo começa com a lista de compras”, diz. O ideal é sair da mesmice, trocar a alface por outra verdura, por exemplo. Há uma infinidade de opções para incrementar as saladas, inclusive os feijões e outras leguminosas destacadas no estudo.
(Com O Estado de S.Paulo)