Quarta-feira, 24 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 30 de maio de 2020
Instituído em 1987 pela OMS (Organização Mundial da Saúde), o Dia Mundial sem Tabaco – 31 de maio – tem mais uma edição neste domingo, motivando as autoridades a reforçarem os alertas sobre o hábito também no Rio Grande do Sul, inclusive no que se refere ao coronavírus. Segundo a coordenadora do Programa Estadual de Controle do Tabagismo, Andréia Volkmer, os fumantes são mais vulneráveis à doença.
“Mesmo com o distanciamento social, a iniciativa busca garantir que as orientações terapêuticas realizadas em grupo ou individualmente nas UBSs [Unidades Básicas de Saúde] municipais continuem chegando aos pacientes por telefone ou internet, garantindo também o acesso ao tratamento com medicamentos utilizados nessa área”, ressalta.
O programa é vinculado ao Cevs (Centro Estadual de Vigilância em Saúde) da SES (Secretaria Estadual da Saúde), com atividades em 321 dos 497 municípios gaúchos – no ano passado, foram 6.309 pacientes atendidos. “Incentivamos as pessoas a pararem de fumar e buscamos desestimular os jovens a iniciarem o consumo de cigarros e derivados”, acrescenta a coordenadora.
A relação entre tabagismo e potenciais riscos para Covid-19 também constam em nota técnica do Inca (Instituto Nacional do Câncer), por meio da qual especialistas reafirmam que os fumantes tendem a sofrer mais que os não fumantes não apenas em relação à debilitação física pelo coronavírus. Eles também são mais suscetíveis ao contágio:
“O ato de fumar proporciona um constante contato dos dedos (e possivelmente de cigarros contaminados) com os lábios, aumentando a possibilidade da transmissão do vírus para a boca. A utilização de dispositivos que envolvem compartilhamento de bocais para inalar a fumaça também facilita a transmissão comunitária, como no caso dos ‘cigarros eletrônicos’ e do ‘narguilé’ (espécie de cachimbo d’água)”.
O documento do Inca alerta, ainda, que o fumo causa diferentes tipos de inflamação e prejudica os mecanismos de defesa do organismo. Por esse motivo, os tabagistas têm maior risco de infecções por vírus, bactérias e fungos, sendo acometidos com maior frequência de infecções como sinusites, traqueobronquites, pneumonias e tuberculose.
Distanciamento social
Especialistas do instituto acrescentam que o distanciamento social, uma das medidas de contenção de contágio pelo coronavírus, causar estresse em algumas pessoas. Para um tabagista, esse contexto pode estimular o hábito como uma “válvula de escape”, mas também como incentivo-extra à adoção de cuidados com saúde – incluindo para de fumar.
Diversas pesquisas já apontam que, dentre os pacientes com pneumonia por Covid-19, as chances de progressão para formas mais graves da doença (com insuficiência respiratória e óbito) são significativamente maiores para fumantes.
A nicotina provoca vasoconstrição e aumento da resistência vascular periférica, com efeito negativo sobre o sistema e impacto relevante no desenvolvimento de hipertensão arterial, males identificados nos grupos de maior risco de complicações por coronavírus.
Situação local
Embora os índices gerais de consumo de cigarros e similares no Brasil, dados de 2019 aponta, que o Sul possui o maior número de fumantes em comparação às demais regiões. O Rio Grande do Sul apresenta os maiores índices, especialmente em Porto Alegre, com cerca de 16% da população.
A cidade ocupa o terceiro lugar no ranking de capitais brasileiras em número de adeptos do hábito. Já no que se refere ao contingente de fumantes pesados (mais de 20 cigarros por dia), ocupa o topo do ranking.
(Marcello Campos)
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