Domingo, 10 de agosto de 2025
Por Redação O Sul | 9 de agosto de 2025
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (UniãoAP), evitou entrelinhas. Em reunião com líderes partidários, afirmou que não colocará em votação o pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do STF, de jeito nenhum. “Nem se tiver 81 assinaturas, ainda assim não pauto”, disse, em referência ao total de senadores da Casa, de acordo com relatos. Estavam no encontro líderes da base do governo, além de Rogério Marinho (PL-RN), Tereza Cristina (PP-MS) e Marcos Rogério (PL-RO). A declaração de Alcolumbre, dada em tom elevado, é um banho de água fria para os bolsonaristas, que conseguiram 41 assinaturas, número necessário para aprovar a admissibilidade do processo, caso o presidente do Senado desse andamento ao pedido.
Apesar do tom duro, Alcolumbre fez um gesto à oposição. Disse que “não se tratava de uma questão numérica” e, sim, de avaliação jurídica. Na sequência, num segundo encontro, desta vez apenas com representantes do bolsonarismo, afirmou que qualquer novo pedido de impeachment “será avaliado com responsabilidade”.
O senador Carlos Portinho (PL-RJ) rebateu Alcolumbre. “Um processo de impeachment não é fruto de vontade do presidente da Casa. É um movimento de maturação. O ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha também não ia votar o impeachment de Dilma Rousseff. Mas uma hora o vento muda.”
Se o presidente do Senado decidisse colocar o impeachment em votação, seriam necessários 54 votos para aprová-lo. Antes de chegar ao plenário, o pedido teria de passar também por análise em comissão especial.
O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) reagiu de forma enfática à declaração de Alcolumbre. “Então serão dois impeachments”, disse o parlamentar, no X (antigo Twitter), sugerindo o afastamento também do presidente da Casa legislativa.
O Planalto ligou o alerta e viu com preocupação o possível enfraquecimento da liderança do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), após o motim bolsonarista no plenário que exigiu uma longa operação para ser encerrado.
Integrantes do governo disseram que, apesar das rusgas com a derrubada do decreto do IOF, o presidente Lula aposta em Motta como garantidor da governabilidade. Aliados do petista viram fraqueza nas atitudes do presidente da Câmara e esperavam que ele tivesse retomado sua cadeira no plenário com mais facilidade. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.