Terça-feira, 12 de agosto de 2025
Por Redação O Sul | 11 de agosto de 2025
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), encaminhou à Corregedoria Parlamentar uma representação contra 14 deputados bolsonaristas que participaram do motim no plenário da Casa na última semana.
A ação é resultado de representações apresentadas por colegas e também pelo próprio presidente da Câmara. Os deputados ocuparam fisicamente a Mesa Diretora por cerca de 30 horas, bloqueando os trabalhos legislativos até a manhã da última quarta-feira (6).
O PL, partido com o maior número de parlamentares entre os denunciados, divulgou nota em solidariedade aos envolvidos, classificando a ocupação como um ato “pacífico e legítimo”.
— Veja quem são os parlamentares denunciados e as acusações:
Allan Garcês
Acusado de protagonizar atos que ultrapassaram os limites constitucionais e regimentais da função parlamentar, com quebra de decoro e obstrução deliberada das sessões, ao ocupar a Mesa Diretora.
Bia Kicis
Também acusada de participar da ocupação em ato coordenado e persistente. Ela defende que “não existem precedentes na Casa para punição de ocupação da Mesa” e que o ato é uma forma legítima de resistência.
Carlos Jordy
Além das acusações semelhantes às dos colegas, publicou: “Se o preço por lutar por liberdade, contra a tirania e por justiça às vítimas do 8 de janeiro for esse, estou disposto a enfrentar com coragem. Minha mãe não pariu um covarde!”.
Carol de Toni, Domingos Sávio, Luciano Zucco, Marco Feliciano e Sóstenes Cavalcante – Todos acusados por ocupação coordenada da Mesa Diretora, impedindo o funcionamento da Casa. Zucco declarou que a denúncia é tentativa de criminalizar a oposição e que a direita deve se manter unida. Já Sóstenes afirmou esperar uma análise equilibrada e que a bancada apresentará defesa pela absolvição: “Não há no Regimento Interno qualquer dispositivo que proíba o ato legítimo que realizamos”.
Nikolas Ferreira
Acusado de desafiar ordens para encerrar a ocupação, mesmo sob ameaça de ação da Polícia Legislativa, além de segurar a cadeira da presidência e se recusar a liberá-la. Também é acusado, por representação do PT, de simular uma agressão para gerar “narrativa de vitimização pública”.
Marcel van Hattem
Acusado de obstruir fisicamente os trabalhos ao ocupar um dos assentos da Mesa Diretora. O partido Novo defendeu o deputado, dizendo que “obstrução parlamentar é legítima e amplamente usada pela esquerda quando era oposição, sem qualquer punição”, e que Van Hattem está sendo alvo de perseguição política.
Zé Trovão
Acusado de bloquear fisicamente a subida de Hugo Motta à cadeira da presidência, usando o próprio corpo e perna para obstruir o acesso.
Marcos Pollon
Teria impedido a retomada dos trabalhos ao sentar-se na cadeira da presidência e ofendido Motta durante ato público em Campo Grande. Em vídeo nas redes sociais, disse ser autista e alegou não ter entendido a situação no momento.
Júlia Zanatta
Acusada de usar a filha bebê como “escudo” para impedir a retomada do plenário, expondo-a a situação de risco. A deputada afirma que levou a filha porque “ela está em idade de amamentação e depende de mim”. Rejeitou a acusação: “Não a levei como escudo, como acusam os seres mais asquerosos da nossa política”.
Paulo Bilynskyj
Teria sido um dos protagonistas da ocupação forçada e também é acusado de agredir o jornalista Guga Noblat, do ICL Notícias. Em nota, declarou: “Participei e continuarei participando de todos os movimentos necessários para pautar anistia, impeachment de Alexandre de Moraes e o fim do foro privilegiado”.
Camila Jara
A única parlamentar de oposição na lista, foi acusada de agredir fisicamente Nikolas Ferreira após a desocupação da Mesa. Ela nega e, segundo o PT, “apenas se protegeu do empurra-empurra causado por deputados bolsonaristas”.
A representação ainda será analisada pela Corregedoria, que poderá recomendar arquivamento ou abertura de processo disciplinar no Conselho de Ética, onde os parlamentares podem ser advertidos, suspensos ou até cassados, caso fique comprovada a quebra de decoro. (Com informações de O Estado de S. Paulo)