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Mundo “Vacinagate” revolta Peru: ex-presidente, ministros e núncio estão entre centenas que furaram a fila da imunização contra o coronavírus no país

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Com os lotes, o governo federal chega a mais de 33 milhões de doses entregues em maio, a maior marca mensal desde o início da vacinação no Brasil. (Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil)

A lista do “vacinagate”, o escândalo das vacinas administradas irregularmente no Peru a políticos e personalidades influentes, cresceu em questão de dias e agora inclui centenas de nomes.

Tudo começou com a descoberta do caso do ex-presidente Martín Vizcarra e sua esposa. Em seguida, veio o caso da chanceler Elizabeth Astete, que renunciou ao cargo no domingo (14). Mas foi apenas a ponta do iceberg.

A revelação de que mais de 460 pessoas foram vacinadas fora das normas, incluindo Pilar Mazzetti — ministra da Saúde até a última sexta-feira (12) — desferiu um golpe moral para a sociedade peruana, especialmente para os profissionais de saúde que enfrentam a pandemia na linha de frente, o Executivo e a comunidade científica peruana.

O Peru teve dificuldade em assinar contratos de compra de vacinas e recebeu oficialmente a primeira remessa de 300 mil doses da farmacêutica chinesa Sinopharm no dia 7 de fevereiro, mas o produto administrado a altos funcionários dos Ministérios da Saúde e Relações Exteriores, além de personalidades como o médico do ex-presidente Alberto Fujimori, Antonio Aguinaga, saiu de um lote de 3.200 doses que chegou em setembro a pedido do pesquisador-chefe do ensaio clínico da vacina experimental da farmacêutica estatal chinesa.

Em comparecimento a duas comissões parlamentares, Germán Málaga, pesquisador e médico da universidade privada Cayetano Heredia, informou que entregou as vacinas para Vizcarra a pedido do então presidente

“Fomos [com uma enfermeira] e vacinamos ele e a esposa. Na época, honestamente não parecia um ato fora de contexto. Ele era o presidente da República e não pensei em nenhum aspecto jurídico ou político”, disse.

O pesquisador especificou que das 3.200 doses que recebeu fora do estudo, ele teve que entregar 1.500 na Embaixada da China e o restante foi administrado ao pessoal do ensaio clínico e outros a “convidados”, “consultores” e “parentes”.

“Talvez houvesse amplitude demais no termo ‘pessoal relacionado'”, disse ele. “Todas essas coisas parecem irregulares, talvez sejam irregulares, achei que estava certo, mas foi um erro, não posso mudar o que aconteceu.”

Entre as centenas de imunizados, há também oito diretores da Chancelaria, o núncio apostólico Nicola Girasoli, o marido de uma deputada, o motorista do ex-ministro Mazzetti, o irmão do ex-presidente Vizcarra, uma lobista, os reitores das universidades Heredia San Marcos e Cayetano, parentes dos médicos que participaram do ensaio clínico e integrantes da equipe do estudo, entre outros.

Cerca de 310 médicos peruanos morreram de covid-19 durante a pandemia e o déficit de 110 toneladas de oxigênio por dia torna difícil o trabalho de profissionais da saúde com os pacientes, para os quais, além disso, não há leitos de terapia intensiva suficientes. Desde o início da pandemia, em março, mais de 90 mil pessoas morreram, segundo o Sistema Nacional de Mortes.

O Congresso nomeou uma comissão investigativa para determinar as responsabilidades da vacinação irregular.

Para o cientista político Mauricio Zavaleta, o escândalo compromete o governo do centrista Francisco Sagasti, desde novembro no cargo, porque envolve dois de seus ministros, “embora outros tenham sido imunizados durante o governo de Vizcarra”. Além da fragilidade institucional, existe o fator político, afirma.

“Este governo é muito fraco porque Sagasti depende de um Congresso que teve que ceder à demanda dos cidadãos”, diz. “Infelizmente, o presidente não conseguiu surfar a onda que o levou ao Palácio do Governo: nunca teve uma verdadeira sintonia com os cidadãos e falhou na reforma policial após os assassinatos de jovens manifestantes em novembro.”

Com a proximidade das eleições gerais em 11 de abril, o escândalo deverá ter uma dimensão ainda maior, segundo Zavaleta.

“Estamos em uma campanha apática, onde os eleitores estão ocupados em não se infectar, sobrevivendo à crise econômica e ajudando suas famílias. Se você adicionar isso ao sistema corrompido, então há um descontentamento maior com todos os políticos”, afirma.

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