Quinta-feira, 21 de agosto de 2025
Por Redação O Sul | 19 de agosto de 2025
O presidente norte-americano não detalhou, mas disse novamente que Putin enfrentará "uma situação difícil" se optar pela guerra.
Foto: ReproduçãoO presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta terça-feira (19) que talvez Vladimir Putin não queira fazer um acordo para acabar com a guerra da Ucrânia, embora ele acredite no contrário.
A afirmação foi feita em uma entrevista à Fox News, um dia depois de o americano anunciar que prepara um encontro entre Putin e Volodimir Zelensky para as próximas duas semanas, do qual ele se ofereceu para participar. Trump passou a segunda (18) reunido com o ucraniano e seis líderes europeus na Casa Branca.
A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, reafirmou que Putin aceitou encontrar-se com o rival, mas há diversas dúvidas acerca de como e quando isso ocorrerá. O chanceler russo, Serguei Lavrov, afirmou que esse tipo de reunião demanda longo preparo.
O presidente não detalhou, mas disse novamente que Putin enfrentará “uma situação difícil” se optar pela guerra. Anteriormente, havia ameaçado impor sanções secundárias a países que compram petróleo e derivados russos, como China e Brasil — já o fez com a Índia. Mas usou a pressão para reaproximar-se do colega.
“Eu não acho que será um problema, para ser honesto, eu acho que Putin está cansado [da guerra]. Eu acho que todos estão cansados, mas você nunca sabe. Vamos descobrir sobre o presidente Putin nas próximas duas semanas. É possível que ele não queira um acordo”, afirmou.
“Vocês sabem, é preciso de dois para dançar um tango. Eles [Putin e Zelensky] têm de ter algum tipo de relação. De outra forma, estamos só perdendo um monte de tempo, e eu não quero isso. Quero apenas acabar [a guerra]. Se eu puder salvar 7 mil pessoas de serem mortas por semana, eu quero tentar e ir para o céu se possível”, disse.
Sobre Zelensky, Trump disse acreditar que ele “fará o que for preciso” para encerrar o conflito. O morde-e-assopra em relação a Putin, de quem adotou boa parte das posições após a cúpula realizada na sexta (15) no Alasca, é típica do processo negocial do americano.
Isso tudo se soma ao turbilhão de dúvidas práticas que se colocou à frente da perspectiva de algum acordo para cessar o maior conflito em solo europeu desde a Segunda Guerra Mundial.
Elas vão da definição das chamadas garantias de segurança a Kiev ao tamanho da perda territorial que os ucranianos terão de aceitar, passando pelo país que receberia uma cúpula com os três presidentes, anunciada na segunda por Trump após reunião com Zelensky e seis líderes europeus, finalizada com uma ligação só do americano a Putin.
Em nome da comitiva que esteve em Washington, o premiê britânico, Keir Starmer, o presidente francês, Emmanuel Macron, e o premiê alemão, Friedrich Merz, conversaram virtualmente nesta terça (19) com representantes de todos os países da União Europeia, em encontro do Conselho Europeu.
Reunidos em Helsinque, chanceleres de países nórdicos expressaram cautela sobre o ritmo imposto por Trump às conversas. “Não há decisões até aqui sobre o cronograma geral ou as contribuições individuais”, disse a ministra finlandesa Elina Valtonen. Sua colega Maria Malmer Stenergard, da Suécia, afirmou que seu país está à disposição para colaborar, mas não sabe como.
As garantias visam impedir que Putin volte a invadir a Ucrânia, como fez em 2022, após haver a paz com o vizinho. Kiev e países como França e Reino Unido queriam uma força de paz europeia em solo, o que o Kremlin veta.
Na cúpula com o russo, Trump ouviu de Putin que ele estaria disposto a aceitar um mecanismo semelhante ao que existe entre membros da Otan, no qual qualquer 1 dos 32 membros da aliança militar que for atacado será defendido por todos.
A ideia foi ventilada inicialmente por Giorgia Meloni, a premiê italiana, que é próxima do republicano. Na segunda (18), de sua forma tipicamente vaga e confusa, Trump disse que os EUA iriam colaborar para o que chamou de “primeira linha de defesa da Ucrânia” a ser exercida pelos europeus.