Sábado, 14 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 25 de novembro de 2023
Dois brasileiros que dividem uma casa em Dublin, capital da Irlanda, relataram momentos de tensão durante, e após, os protestos anti-imigração violentos que aconteceram no centro da cidade na noite da quinta-feira (23), em que um ônibus, um carro da polícia e um veículo do metrô foram incendiados.
A manifestação foi uma reação a um ataque raro no qual três crianças e dois adultos foram esfaqueados perto de uma escola. O ataque foi interrompido por um brasileiro que golpeou o agressor com um capacete. Na sexta-feira (24), a polícia irlandesa disse que 34 pessoas foram presas.
Larissa Keren é baiana, mas radicada na Paraíba. Ela e o goiano Fernando Nogueira moram no bairro de Templeogue, no sul de Dublin, mas estavam no Centro da cidade quando os ataques anti-imigrantes aconteceram.
“Foi bem assustador, na verdade, porque até então eu não sabia o que estava acontecendo. Quando percebi, estava no meio do furacão e só tive noção da gravidade quando um cara do outro lado da rua onde eu estava passando começou a ser espancado”, relatou Fernando, que é natural de Goiânia.
Fernando trabalha na parte norte da cidade, após o Rio Liffey, que divide a cidade. Normalmente ele usa o transporte público para voltar para casa, porém, na noite da quinta-feira, o ônibus em que ele estava parou na estação Connolly, antes do rio, pois o motorista informou que não conseguia seguir por causa das manifestações.
“Por causa disso eu precisei descer caminhando, e foi quando me deparei com as agressões, com muita fumaça, e gente correndo na avenida principal [O’Connell]. Quando eu cheguei do outro lado [do rio] foi que tive a visão geral de tudo: ônibus e carros pegando fogo, muita gente, muita quebradeira. Eu me senti acuado e então liguei para Larissa pra gente se encontrar e tentar voltar para casa”, contou Fernando.
No momento em que os atos violentos começaram, Larissa estava em uma rua adjacente à O’Connell, onde aconteceu a confusão, também na parte norte da cidade. “Eu fiquei sabendo sobre o ataque perto da escola, mais cedo, mas as notícias eram de que a polícia tinha contido o agressor. Quando saí do trabalho, marquei de encontrar com outras brasileiras que trabalham aqui para trocar experiências em um restaurante no Centro”, disse.
“Eu cheguei mais cedo, fiquei andando pela rua e vi as pessoas correndo e a polícia passando, mas não achei que fosse nada demais, uma vez que é comum a gente ver policiais nas ruas à noite, só não me liguei que tinham policiais demais desta vez. Quando deu o horário, fui para o restaurante e enquanto a gente estava jantando, começaram a chegar, nos grupos e nas redes sociais, as imagens dos ataques na O’Connell. Quando vi que tinha ônibus pegando fogo, percebi que a coisa estava séria e foi quando Fernando me ligou para que a gente fosse para casa”, contou Larissa.
Segundo Larissa, a sensação de medo aumentou quando ela e Fernando perceberam que não estavam encontrando transporte para voltar para casa. “Quando eu saí do restaurante, estava uma agonia do lado de fora: todo mundo correndo, não tinha ônibus, ninguém sabia como ia voltar para casa. Tinha um engarrafamento na rua, o metrô estava parado e ninguém estava conseguindo pedir ou pegar um táxi”, disse.
Ainda de acordo com a brasileira, eles precisaram caminhar por várias ruas, enquanto os manifestantes seguiam realizando ataques pelo Centro. “Eu soube que eles atacaram um pub no caminho da ponte O’Connell e também uma boutique famosa aqui, mas não cheguei a ver isso. Conseguimos ir para uma parte afastada do Centro e foi quando conseguimos pegar um táxi”, contou. As informações são do portal de notícias G1.