Sábado, 21 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 12 de setembro de 2016
Em tempos de crise e orçamentos apertados, os consumidores devem estar mais atentos às armadilhas do dia a dia, que podem levá-los para o caminho do descontrole financeiro e do endividamento. Comerciantes e empresas prestadoras de serviços costumam estudar cuidadosamente o comportamento de seus clientes e os gatilhos que os fazem abrir a carteira. Conhecer essas estratégias, dizem especialistas, torna o consumidor menos vulnerável, em um cenário em que controlar gastos é palavra de ordem.
Liquidações, cartões de lojas, promoções nas prateleiras dos supermercados, crédito disponível a qualquer hora, parcelamentos longos e oferta de serviços promocionais de empresas de telefonia são alguns dos truques que fazem o consumidor ver vantagem – às vezes, onde não tem – e passar da conta. “São muitas as estratégias para atrair os clientes. O que a pessoa precisa é ser ponderada e ver o que cabe no seu orçamento, impondo limites. O que não quer dizer que a pessoa tenha que se privar de tudo que lhe dá prazer. É fazer um planejamento e segui-lo. Sem radicalismos”, orienta Samy Dana, PhD em Business e professor da FGV (Fundação Getulio Vargas).
Principal armadilha: as liquidações.
Um bom exemplo de armadilha, segundo a professora e consultora de Psicologia Econômica e Educação Financeira Vera Rita de Mello Ferreira, são as liquidações. Com a ilusão de que está tudo mais barato, a pessoa acaba comprando uma quantidade maior, e não fazendo, de fato, nenhuma economia.
No supermercado, quem decide levar só o que está marcado como promoção, sem pesquisar, ressalta Vera, acaba por fazer escolhas erradas. “Algumas pessoas ficam em uma espécie de modo default, condicionada a só olhar os produtos em oferta. Sem, no entanto, fazer economia. Acabam comprando demais ou sem pesquisar. Olhando só etiquetas de oferta, não se dão conta que na prateleira ao lado tem um produto similar mais barato. A função do comércio é apelar para conseguir conquistar o consumidor. Seja numa oferta ou numa opção de crédito com prestações a perder de vista”, aponta a consultora, que é integrante da rede internacional para educação financeira da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), indicada pelo Banco Central.
Dana, por sua vez, esclarece que produtos em oferta e nos encartes são aqueles que o mercado tem mais interesse em vender, seja por oferecer maior margem de lucro ou por estarem com a validade por vencer, e não necessariamente os que têm melhor preço para o cliente.
Controlar a impulsividade é fundamental.
Flávia Ávila, especialista em Economia Comportamental, por sua vez, alerta que muitas compras não planejadas são feitas sob o efeito de pequenos estímulos do ambiente, que induzem as pessoas a agirem impulsivamente.
A impulsividade é fortemente influenciada pelo contexto, e há várias estratégias que podem melhorar as nossas escolhas. “Se eu sei que passear no shopping aumenta a chance de eu fazer uma compra impulsiva, posso, por exemplo, deixar o cartão de crédito no carro ou em casa. Isso atrasa a minha escolha e aumenta a chance de repensar se preciso mesmo comprar aquele produto naquele momento”, orienta.
Vera Rita acrescenta que muita gente funciona colocando tudo no papel, fazendo uma planilha. Mas é preciso observar de forma realista o que está fazendo e não se iludir. (AG)