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Brasil Bolsonaro vendia bolsas feitas de paraquedas para complementar sua renda de militar

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Em foto de arquivo, Bolsonaro joga basquete com amigos da brigada paraquedista. (Foto: Arquivo Pessoal)

O presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), deputado federal e capitão reformado do Exército, vendia aproximadamente de 20 a 30 bolsas por semana usando paraquedas do quartel. A matéria-prima era arrematada por ele nos anos 1980. Em entrevista ao portal de notícias UOL, o deputado disse que se tratava de uma “venda informal” em que eram vendidas de “20 a 30 bolsas por semana”.

O hoje candidato a presidente contou que ganhava “menos de US$ 1 mil” por mês como militar à época, o equivalente a R$ 3.682 hoje, e que a venda servia para complementar a renda.

Bolsonaro chegou a ser advertido por isso, fato que foi registrado em um processo no Superior Tribunal Militar (STM) a que ele respondeu. De acordo com o presidenciável, ele comprava os paraquedas arrematando-os no quartel. Em depoimento prestado em 14 de dezembro de 1987, o então capitão disse que o lucro foi “mínimo”.

A empreitada aconteceu em sociedade com um alfaiate do quartel, não identificado no processo e não localizado pela reportagem do UOL. Um ano antes, em 21 de março de 1985, o militar foi designado como orientador de permissionários que atuavam na cantina e na alfaiataria do quartel. “No ano de 1986, em entendimento com o alfaiate do 8º GAC Pqdt [Grupo de Artilharia de Campanha Paraquedista, da Brigada de Infantaria Paraquedista], foram confeccionadas bolsas de nylon (tira colo)”, afirmou Bolsonaro, em depoimento em 14 de dezembro de 1987.

“Resolveu cortar três pára-quedas [sic] T-10, arrematados em alienação realizada na Bda Inf Pqdt [Brigada de Infantaria Paraquedista] e fornecidos ao alfaiate para que o mesmo confeccionasse as referidas bolsas e as vendesse”, continuou o presidenciável.

Bolsonaro deu 44 saltos de paraquedas durante seu período no Exército, segundo os registros de sua “Folha de Alterações”, o diário que o Exército mantinha a respeito dos militares na caserna.

O UOL conversou com o candidato em frente ao seu gabinete, um corredor no anexo III da Câmara, em 3 de outubro do ano passado, ocasião em que ele ordenou que um de seus assessores filmasse o repórter enquanto a entrevista acontecia.

“Eu ganhava menos de US$ 1 mil por mês e tinha três filhos”, disse o presidenciável. “Eu não ia fazer besteira. Dentro do quartel, depois do expediente, o comandante me viu, certa vez, cortando paraquedas lá dentro, e falou para nem aquilo fazer mais, mesmo sendo fora do expediente. Isso foi cumprido.”

Na entrevista, ele garantiu que “não tinha comércio dentro do quartel”. A informação contraria o que o próprio Bolsonaro disse ao Conselho de Justificação em 1987: “Perguntado se a venda das bolsas foi realizada dentro do quartel, respondeu que a de algumas sim”. A reportagem alertou o deputado da mudança nas declarações dele, mas o parlamentar insistiu: “Houve algum equívoco aí.”

O UOL procurou a assessoria de Bolsonaro novamente durante os últimos dias. Foram deixados recados em seu gabinete, por correio eletrônico e mensagem de texto, a três assessores do deputado e do PSL. No entanto, não houve resposta.

Advertência

O superior de Bolsonaro, coronel de artilharia Ary Schittini Mesquita, não gostou quando descobriu a “transação comercial” do subordinado. “Soube de uma transação comercial com paraquedas adquiridos pelo Justificante [Bolsonaro] e transformados em bolsas pelo alfaiate da unidade”, lembrou ele, em depoimento em 22 de dezembro de 1987, perante o Conselho de Justificação do Exército.

Schittini, hoje falecido, foi reclamar. “Tão logo tomou conhecimento, advertiu o oficial para que cessasse tal comércio, no que foi prontamente atendido”, relatou.

O presidente do Conselho, à época, era o coronel Marcus Bechara Couto. Ele não quis detalhar os motivos que levaram o órgão a questionar o hoje presidenciável sobre a venda das bolsas com tecido de paraquedas. “Eu não vou conversar mais a respeito disso”, afirmou o militar reformado à reportagem, num primeiro contato. “Está tudo lá [no processo], escrito. Eu não estou conversando com ninguém.”

Bolsonaro disse à reportagem que o paraquedas, conhecido como periquito, era feito em verde, amarelo, azul e branco, “em cores muito bonitas”. “Fazia bolsa daquilo. Era como se fosse uma marca da brigada paraquedista.”

“Hoje em dia, em qualquer lugar, você compra essa bolsa lá, na brigada paraquedista. Muita gente faz, militar mesmo faz, tem pequenos comércios. E era novidade, naquela época, você ter uma bolsa de paraquedas”, disse o candidato. Questionado se ainda hoje os militares vendem bolsas, Bolsonaro recuou e disse que não poderia confirmar: “Não sei.”

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