Domingo, 24 de agosto de 2025
Por Redação O Sul | 23 de agosto de 2025
Chefe da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, o deputado federal Paulo Azi (União-BA) aguarda resposta da Justiça italiana para iniciar o processo de cassação da deputada licenciada Carla Zambelli (PL-SP), condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) pela invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e por perseguir um eleitor de Lula com arma de fogo em punho em 2022.
O parlamentar do União revelou que está esperando para saber se Carla poderá prestar depoimento à CCJ e acompanhar as oitivas das testemunhas arroladas por ela. Com a condenação na Corte, Carla fugiu para Itália, onde está presa desde o fim de julho.
Para respeitar todas as burocracias, Azi recorreu ao Itamaraty e ao Ministério da Justiça para que as pastas consultem o Judiciário da Itália sobre a possibilidade de Carla participar remotamente das sessões da principal comissão da Câmara. As respostas, porém, ainda não chegaram e o processo está estacionado.
Após a primeira condenação da bolsonarista no STF, a Mesa despachou em 11 de junho uma representação para que a CCJ decidisse sobre a perda de mandato de Carla.
Desde então, o deputado Diego Garcia (Republicanos-PR), alinhado ao bolsonarismo, foi designado para a relatoria, os advogados de Carla foram notificados e apresentaram a defesa da deputada do PL.
Essa última movimentação ocorreu em 2 de julho. Desde então, o processo está em compasso de espera. Depois disso, ela já foi condenada mais uma vez pelo STF.
Porte ilegal
Na sexta-feira (22), por 9 votos a 2, o STF decidiu condenar Carla Zambelli a cinco anos e três meses de prisão pelos crimes de porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal com emprego de arma de fogo.
A Corte finalizou o julgamento virtual da ação penal na qual a parlamentar é ré pelo episódio em que ela sacou uma arma de fogo e perseguiu o jornalista Luan Araújo às vésperas do segundo turno das eleições de 2022. A perseguição começou após Zambelli e Luan trocarem provocações durante um ato político no bairro dos Jardins, em São Paulo.
Prevaleceu no julgamento o voto proferido pelo relator, ministro Gilmar Mendes. O entendimento foi seguido pelos ministros Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia, Flávio Dino, Cristiano Zanin, Dias Toffoli, Edson Fachin, Luiz Fux e Luís Roberto Barroso.
Nunes Marques e André Mendonça não seguiram o relator e apresentaram divergências.
Marques votou pela absolvição quanto ao crime de porte ilegal de arma de fogo e desclassificou o crime de constrangimento ilegal para exercício arbitrário das próprias razões. Com o entendimento, a pena está prescrita.
Mendonça absolveu a deputada do crime de porte ilegal de arma de fogo e condenou Zambelli a oito meses de prisão em regime aberto por constrangimento ilegal.
A execução da condenação não é imediata porque ainda cabe recurso ao próprio Supremo.
Esta é a segunda condenação de Zambelli no Supremo. No mês passado, ela foi presa na capital da Itália, onde tentava escapar do cumprimento de um mandado de prisão emitido pelo ministro Alexandre de Moraes.
Por ter dupla cidadania, Zambelli deixou o Brasil, em maio deste ano, após ser condenada pelo STF a 10 anos de prisão pela invasão ao sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ocorrido em 2023. A deputada também terá que pagar R$ 2 milhões em danos coletivos.
De acordo com as investigações, Zambelli foi a autora intelectual da invasão para emissão de um mandato falso de prisão contra Alexandre de Moraes. Segundo as investigações, o hackeamento foi executado por Walter Delgatti, que também foi condenado e confirmou ter realizado o trabalho a mando da parlamentar.
Após a fuga para a Itália, o governo brasileiro solicitou a extradição da deputada para o Brasil. O pedido de extradição de Carla Zambelli foi oficializado no dia 11 de junho pelo ministro. Em seguida, o pedido foi enviado pelo Itamaraty ao governo italiano. As informações são da revista Veja e da Agência Brasil.