Segunda-feira, 25 de agosto de 2025
Por Redação O Sul | 24 de agosto de 2025
Dormir bem é importante em qualquer idade. Não é apenas um hábito recomendado para se manter alerta e com energia, mas, segundo profissionais, também é um hábito fundamental para se manter saudável. Não é por acaso que o campo de estudo dessa ciência se expandiu recentemente, levando ao surgimento da “medicina do sono”, bem como ao aumento do número de clínicas e hospitais especializados em examinar como a privação ou o excesso de sono podem ter consequências fatais para o desenvolvimento de doenças.
“Esta é uma etapa fundamental para a manutenção do equilíbrio, não apenas no cérebro, mas em todo o corpo. A homeostase — a capacidade do corpo de se manter internamente estável e responder a estímulos externos — depende da qualidade do sono”, revela Daniel Cardinali, médico, pesquisador emérito do CONICET (Instituto Nacional de Tecnologia) e professor emérito da Universidade de Buenos Aires (UBA).
Consequentemente, após centenas de estudos e pesquisas, e priorização por especialistas na área, foram desenvolvidas diretrizes de “higiene do sono” — nome dado a um conjunto de práticas que ajudam a manter um sono de qualidade e a prevenir distúrbios. Entre as mais recomendadas, a Sociedade Mundial do Sono menciona:
* Estabelecer horários regulares para dormir e acordar.
* Evitar o consumo excessivo de álcool quatro horas antes de dormir e evitar fumar.
* Evitar alimentos pesados, apimentados ou açucarados nas horas que antecedem a hora de dormir.
* Encontrar uma temperatura confortável para dormir e manter o quarto ventilado.
* Bloquear todos os ruídos que distraiam e eliminar o máximo de luz possível.
Um grupo de pesquisadores canadenses demonstrou, por meio de um estudo, que, quando as pessoas descansam adequadamente, seus cérebros se livram do que não precisam, semelhante a um processo de reciclagem de resíduos que ocorre nessa parte do corpo durante o sono. No entanto, o aspecto mais notável de sua observação foi que, quando as pessoas não dormem o suficiente, substâncias semelhantes a placas se acumulam, afetando a função cognitiva e aumentando a probabilidade de desenvolver demência na velhice.
O estudo, publicado na revista Science Advances, enfatiza que a perda crônica de sono envelhece prematuramente as células imunológicas do cérebro e pode levar a sérios problemas cognitivos.
“No campo profissional, já se sabe que a falta de sono reparador está ligada à manutenção de processos inflamatórios crônicos, considerados a base de todas as doenças crônicas e não transmissíveis”, observa Cardinali.
Em declarações à CTVNews, o médico Andrew Lim, pesquisador principal do estudo e professor associado de neurologia na Universidade de Toronto, disse que os participantes que acordavam muito durante a noite ou tinham sono fragmentado demonstraram pior desempenho cognitivo nos testes.
De acordo com as conclusões do artigo, a falta de sono não só leva ao envelhecimento precoce, como também desencadeia a ativação anormal das células imunológicas do cérebro, que geralmente são ativadas apenas para combater patógenos e resíduos celulares.
“Tomamos banho em horários diferentes do dia, mas o cérebro o faz durante a fase de relaxamento lento do sono. Durante esse período da noite, ocorre um processo de fluxo glinfático, no qual uma corrente flui através do tecido cerebral da porção arterial para a venosa para eliminar resíduos”, explica Cardinali.
O médico explica então que atualmente há muito interesse nesse fluxo porque, aparentemente, quando ele é bloqueado, aumenta o acúmulo de proteínas anormais, como a Tau e a β-amiloide, que são conhecidas por causar doenças neurodegenerativas.