Quarta-feira, 07 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 6 de maio de 2025
A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) tornou réus outros sete denunciados no inquérito sobre a tentativa de golpe de Estado. Agora, são 21. Os ministros analisaram nessa terça-feira (6) os crimes imputados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao chamado “núcleo 4″ da suposta trama golpista, acusado de atuar na produção e na disseminação de desinformação e ataques ao sistema eleitoral.
A decisão coloca no banco dos réus Ailton Gonçalves Moraes Barros, Ângelo Martins Denicoli, Carlos César Moretzsohn Rocha, Giancarlo Gomes Rodrigues, Guilherme Marques de Almeida, Marcelo Araújo Bormevet e Reginaldo Vieira de Abreu. Outras 14 pessoas se tornaram réus no âmbito da apuração do golpe anteriormente.
Este é o terceiro julgamento sobre o recebimento de denúncias relacionados ao caso. O primeiro núcleo, do qual faz parte o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aliados deles, e o núcleo dois, composto pelo ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques, o general Mário Fernandes, entre outros, já tiveram as denúncias aceitas e agora serão julgados em ações penais.
Há ainda outros dois núcleos, o terceiro e o quinto, pendentes de análise. A próxima sessão para a análise do caso do “núcleo 3″ está marcada para o dia 20 deste mês.
Núcleo 1
Jair Bolsonaro, ex-presidente. Segundo a PF, a investigação mostrou que ele “planejou, atuou e teve o domínio de forma direta e efetiva dos atos executórios realizados pela organização criminosa que objetivava a concretização de um golpe de Estado e da abolição do Estado Democrático de Direito.
Walter Braga Netto, general da reserva do Exército e ex-ministro da Defesa e Casa Civil. De acordo com as investigações, ele reuniu militares das Forças Especiais do Exército em sua casa para planejar as ações do golpe.
Augusto Heleno, general da reserva do Exército e ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). O ex-chefe do GSI fazia parte de um núcleo de militares que “agiram para influenciar e incitar apoio” ao plano golpista, segundo a PF.
Alexandre Ramagem, deputado federal e ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). A Polícia Federal afirma que ele se tornou um dos principais conselheiros do ex-presidente e articulou ataques ao STF.
Anderson Torres, ex-ministro da Justiça. Na casa dele, a PF encontrou uma minuta de decreto para anular as eleições e instaurar Estado de Defesa no TSE.
Paulo Sérgio Nogueira, general da reserva do Exército e ex-ministro da Defesa. Ele é acusado de pressionar os comandantes das Forças Armadas a aderirem ao golpe.
Almir Garnier, almirante de esquadra e ex-comandante da Marinha. Garnier é acusado de colocar a tropa à disposição do ex-presidente após concordar com os planos golpistas.
Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Segundo a PF, o tenente coronel do Exército participou da redação da minuta golpista e do planejamento de ações violentas com militares das Forças Especiais. Também teria participado de reuniões para discutir atentados contra o presidente Lula e seu vice, Geraldo Alckmin.
Núcleo 2
Silvinei Vasques, ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF). É acusado de interferir nas eleições presidenciais de 2022. Ele é suspeito de coordenar blitzes nas rodovias federais que teriam dificultado o trânsito de eleitores, principalmente no Nordeste, reduto eleitoral do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Marília Ferreira de Alencar, ex-diretora de Inteligência do Ministério da Justiça e Segurança Pública. Marília teria coordenado o emprego das forças policiais do DF “para sustentar a permanência ilegítima de Jair Messias Bolsonaro no poder”, segundo a denúncia da PGR.
Fernando de Sousa Oliveira, ex-diretor de Operações do Ministério da Justiça e Segurança Pública. A PGR afirma que ele participou da operação da PRF para dificultar o trânsito de eleitores, junto a Silvinei e Marília.
Filipe Martins, ex-assessor de Assuntos Internacionais da Presidência. A PGR imputou a ele a confecção de uma das minutas do golpe, aquela que previa prender os ministros do STF Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, além do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), então presidente do Senado.
Marcelo Costa Câmara, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. A PGR apontou o coronel como um dos auxiliares de Bolsonaro responsáveis por monitorar ilegalmente Moraes.
Mário Fernandes, ex-secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência. Segundo a investigação da tentativa de golpe, o general é o autor do plano “Punhal Verde e Amarelo”, que continha um detalhamento para executar, em dezembro de 2022, Moraes, Lula e o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB).
Núcleo 4
Ailton Gonçalves Moraes Barros, capitão reformado do Exército. Segundo a PGR, ele “incitava militares e difundia os ataques virtuais idealizados pelo grupo”.
Ângelo Martins Denicoli, major da reserva do Exército. Segundo a investigação, Denicoli alimentava uma nuvem com materiais para o influenciador Fernando Cerimedo, que divulgou um dossiê em novembro de 2022, em uma live no YouTube, com informações falsas sobre o sistema de votação brasileiro.
Carlos César Moretzsohn Rocha, engenheiro e foi presidente do Instituto Voto Legal, contratado pelo Partido Liberal (PL) para prestar serviços de auditoria do funcionamento das urnas eletrônicas. Segundo a investigação, um mesmo conteúdo falso publicado por Cerimedo serviu para embasar a representação protocolada pelo PL que pediu verificação das urnas após segundo turno das eleições 2022.
Giancarlo Gomes Rodrigues, subtenente do Exército e estava cedido à Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante os fatos apurados na investigação. Segundo a denúncia, Giancarlo realizou 887 pesquisas de “alvos” no sistema “First Mile” da Abin, a mando do chefe Marcelo Araújo Bormevet, também integrante do núcleo.
Guilherme Marques de Almeida, tenente-coronel do Exército. Foi apontado pela denúncia como “propagador em larga escala” de conteúdos falsos sobre o Poder Judiciário.
Marcelo Araújo Bormevet, policial federal e ex-integrante da Agência Brasileira de Inteligência. Segundo as investigações, ele era o chefe de Giancarlo e o responsável por ordenar que o subordinado coletasse informações sobre determinados alvos, incluindo ministros do STF.
Reginaldo Vieira de Abreu, coronel do Exército e ficou conhecido pelo codinome “Velome” nos autos da investigação da tentativa de golpe. Ele teria participado de uma troca de mensagens final de 2022 onde era discutida a apresentação, para Bolsonaro, de relatórios sabidamente falsos que atestariam uma suposta fraude nas eleições daquele ano. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.